quinta-feira, 12 de abril de 2012

Não faz sentido alterar a Proliga...

Em local próprio (A.Geral da FPB) na qualidade de Delegado eleito pelos treinadores fiz eco das preocupações de muitos treinadores que não concordam com as alterações que a Direcção da FPB se prepara para fazer nos quadros competitivos Seniores.Também eu não entendo as razões para tais alterações . 
Junto um estudo ,do meu amigo Luís Veiga ,  que recorreu ao método estatístico Noll-Scully (1). Baseia -se essencialmente em comparar uma liga “perfeitamente competitiva” (liga imaginária) com a liga real, levando em conta o  cálculo do desvio padrão (das vitórias) das duas ligas (DPi e DPr).

Os resultados obtidos foram os seguintes :




A título de exemplo a  Fase Regular da Liga ACB (Espanha) na época 2010/2011 teve um CB = 2.080 (18 equipas) , a    WNBA (Liga Feminina Norte Americana ) tem  1,78  e a NBA 2,89 (no geral).

Não há dúvida que é a Proliga é prova mais competitiva do panorama nacional, onde a diferença faz-se nos detalhes.
Comparando as prestações (diferença no resultado final) entre Algés e Póvoa, a classificação do Póvoa é mesmo enganadora, metade dos jogos que realizaram tiveram uma diferença igual ou inferior a 7 pontos (que classifico de jogos equilibrados) dos quais só averbaram 2 vitórias, enquanto o Algés  teve 8 jogos nessas condições … e venceu 7.


Diferença
JE
(<= 7)
JD
(<= 14)
JMD
(> 14)
CLASS
âClube
J
V/D
J
V/D
J
V/D
ALGÉS
8
7/1
4
3/1
9
9/0
11º
PÓVOA
11
2/9
4
1/3
6
2/4


Comparando as 5 principais competições nacionais (LPB, Proliga, CNB1 N/S, Liga Feminina e 1ª Divisão Feminina), a Proliga é a mais competitiva com um CB = 1.752, seguida pela 1ª Divisão Feminina (1.794 ), estas duas competições só terminam no próximo fds, pelo que pode haver algum ajuste.
A seguir aparecem  o CNB1 Zona Sul (2,105) e o CNB1 Zona Norte (2,261), depois a Liga Feminina (2,412) e na última posição a LPB com 2.431




Histórico da Proliga (9 edições)
2011/2012...... 1.752 (12 eq) ainda não terminou
2010/2011...... 1.977 (12)
2009/2010...... 2.283 (12)
2008/2009...... *
2007/2008...... 2.534 (15)
2006/2007...... 2.346 (15)
2005/2006...... 1.576 (16)
2004/2005...... 1.751 (16)
2003/2004...... 2.362 (15)
(*) Este ano houve jornadas cruzadas LPB/Proliga.

Historial LPB (4 edições)
2011/2012...... 2.431 (12 eq)
2010/2011...... 2.038 (12)
2009/2010...... 2.050 (12)
2008/2009...... *
(*) Este ano houve jornadas cruzadas LPB/Proliga.

1.   Indicador de Competitividade Noll-Scully
Um dos caminhos para medir a competitividade de qualquer liga – sejam basquetebol, andebol, futebol, ou outra qualquer – é através de algo chamado método Noll-Scully. Meti mãos à obra e decidi aplicar o método Noll-Sculy à história recente da Liga Feminina de Basquetebol (LFB).
A forma como o método Noll-Scully foi desenvolvido consiste em olhar para uma liga “perfeitamente competitiva” e comparar a liga em questão com esta liga matematicamente imaginária. Comecemos por definir esta liga perfeitamente competitiva como uma liga em que “todas as equipas são iguais”. São igualmente competitivas ao ponto em que quando duas equipas jogam entre si num campo neutro, não podemos literalmente prever quem irá vencer, a previsão será a mesma como atirar uma moeda ao ar.
Então se esta liga existir, sendo o sistema de disputa idêntico ao da LFB onde todas as equipas jogam 22 jogos, o que esperamos da classificação final?
Somos tentados a responder, “todas as equipas terão 11-11 no final da época”… no entanto essa resposta está redondamente errada, e a razão pela qual estarmos errados é que temos de levar em conta o que a aleatoriedade realmente significa. Para alegar que todas as equipas terminariam com 11-11 todas as épocas seria o mesmo que afirmar que ao atirarmos ao ar uma moeda 22 vezes, obteríamos sempre 11 caras e 11 coroas
Façamos uma experiência, atirem ao ar uma moeda quatro vezes. Conseguem sempre obter 2 caras e 2 coroas em cada experiência?
A resposta é NÃO: esta liga perfeitamente competitiva é afectada pela dispersão aleatória. Para qualquer equipa desta liga perfeitamente competitiva, existem 68 % de probabilidades daquela equipa vencer entre 9 a 13 jogos numa época. (Afinal de contas, se atirarem uma moeda ao ar 22 vezes, provavelmente não conseguem obter 11 caras mas provavelmente conseguem obter um número muito próximo) As hipóteses aumentam para 95% para uma equipa conseguir vencer entre 6 e 16 vitórias. As hipóteses de vencer 5 ou menos jogos ou 17 ou mais jogos serão mais raras – 4,6% ou menos.
Caso soubermos acerca de como a distribuição de vitórias numa liga perfeitamente competitiva se dispersa, podemos comparar a dispersão da liga real com esta liga perfeitamente competitiva e chegar ao método N-S.
N-S = (desvio padrão de vitórias na liga actual) /( desvio padrão de vitórias na liga ideal)
DPi (desvio padrão da liga ideal ou imaginária) = (média vitórias) / SQRT (total jogos equipas)
DPa (desvio padrão liga atual) = SQRT( SUM ((VIT – med.VIT)2) ) /SQRT( total equipas)
Se a liga atual é exatamente igual à liga ideal, o numerador e denominador são iguais, e o indicador N-S é igual a 1.00. 1.00 é a perfeição; ligas não-perfeitas (por outras palavras, todas as ligas) terão N-S superior a 1.00, no entanto quanto mais próximo estiver deste valor, mais competitiva é essa liga.




1 comentário:

Francisco Gradeço disse...

Sou da mesma opinião, não faz sentido e muito menos para a próxima época. Continuamos a mudar o que está definido no início da competição e,sendo esta a essência do desporto, não se respeita o esforço e dedicação de todos na concretização dos seus objetivos.
Expressei a minha opinião na solicitação feita pela ANTB.
O argumento financeiro enunciado é errado, pois dependendo do sorteio das cruzadas, até pode ficar mais caro. As taxas e arbitragens sim, são significativos para a o orçamento da maioria dos clubes.
Se de 24 (12 + 12)existem incumprimentos, como não será com 26 clubes (12+16)...
Lamentável o documento a que tive acesso via ANTB não ter rosto... papel timbrado da FPB, assinatura de alguém... apenas nas propriedades do documento se pode eventualmente saber a sua origem.