terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um silêncio ensurdecedor...

Já não estranho estes silêncios... ao longo da minha carreira de treinador sempre me habituei a não contar com muitas ajudas. Quando as coisas correm bem...silêncio...quando correm mal ... ruído. Alertado por alguns atletas e colegas treinadores visitei com atenção o site da FPB no que diz respeito ao campeonato da Pro Liga e elaborei um resumo das noticias até agora publicadas:

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Entrevista a Jorge Araújo

Vai valendo que alguém de coragem ainda diz o que pensa sem medo do poder instituído. Cada dia que passa as coisas no basquetebol estão mais complicadas. Os que justificam nada fazerem por causa da crise apenas querem ficar no mesmo sitio...
Em 2003, Jorge Araújo tomou uma decisão que surpreendeu a nação basquetebolística: um dos treinadores mais credenciados da nossa praça deixava de ser treinador profissional de basquetebol. Para trás ficavam os anos dourados que teve ao serviço do FC Porto, numa equipa que destronou o SL Benfica do topo do basquetebol nacional. O futuro era, agora, um pouco diferente - Jorge Araújo continuava a trabalhar com equipas, tentando transmitir os valores para uma liderança eficaz, e para o fomento e importância do trabalho em equipa. A sua experiência no basquetebol mostrava-se fundamental para a sua nova função profissional, mas a modalidade tinha deixado de ser o Mundo de Jorge Araújo. Recentemente, o nome deste antigo treinador voltou a ser falado no seio do basquetebol nacional. Nas últimas eleições para a Federação Portuguesa de Basquetebol, Jorge Araújo foi escolhido como o Presidente da Assembleia Geral da FPB. O desempenho do cargo não tem sido pacífico, tal como foi público no final do Eurobasket '11, no entanto, Jorge Araújo continua a tentar dar o seu contributo para melhorar a nossa modalidade. Jorge Araujo, que na próxima semana dará uma palestra em Pontevedra, Espanha, integrada no congresso ForumGTSport, com a apresentação "Pensar e agir como um treinador", deu uma entrevista ao BasketPT, na qual dá a conhecer as suas opiniões sobre liderança, construção de equipas e sobre alguns problemas no basquetebol nacional. O basquetebol é um desporto colectivo, mas nos últimos tempos, em Portugal, os agentes da modalidade parecem ter-se esquecido de trabalhar em equipa. Atendendo à sua experiência profissional, como podemos transformar esta dinâmica individualista numa dinâmica de equipa? Com base na minha experiência profissional, para que uma equipa trabalhe como um colectivo, depende, acima de tudo, da capacidade de quem a lidera, saber envolver tudo e todos na visão que possui para o futuro. Também, de quem lidera, conseguir ganhá-los para ajudarem a contribuir para os objectivos que a equipa pretende alcançar e, principalmente, da sua capacidade de ouvir e preocupar-se com o facto de nenhum ser humano apreciar o facto de não se sentir parte de um todo. Lamentavelmente, levamos demasiados anos a considerar que, no basquetebol português, a uns pertence “mandar” e aos restantes simplesmente “obedecer”, sem discussão, nem participação de qualquer tipo naquilo que se decide. Ora, como é fácil de perceber, impondo esta via, não há trabalho em equipa que resista…. O que é mais importante numa equipa? Antes do mais, a arte de quem lidera para conseguir compatibilizar objectivos individuais e colectivos, ao serviço de metas comuns, suficientemente mobilizadoras e ambiciosas. Em seguida, a capacidade de todos os seus membros serem honestos e frontais na emissão das suas opiniões e ninguém se considerar acima de qualquer crítica, ou interpretar no plano pessoal, as opiniões daqueles que fazendo parte da equipa, querem defender as suas opiniões com natural paixão e entusiasmo. Falemos do papel da liderança no basquetebol e na sociedade. Qual é o tipo de liderança em que mais acredita e porquê? O que é um bom líder? Defendo que um bom líder, não é só aquele que alcança os resultados com que se comprometeu. É também e, principalmente, o que deixa atrás de si pessoas e equipas melhor preparadas do que quando iniciou a sua tarefa de liderança. Acredito muito que aquilo que fazemos na vida, ecoa na eternidade, através da herança intelectual, emocional, física e espiritual que deixamos atrás de nós. E é por essa razão que sempre me esforcei por partilhar, opinar, escrever, defender as minhas opiniões com a paixão e o entusiasmo necessários, intervindo e nunca calando o que penso e o que defendo. Naturalmente, como todo o ser humano, nem sempre estou certo, e aqui e ali vou errando. E continuo a defender que os que pretendem convencer-nos que nunca erram e estão sempre do lado da verdade e da razão, prejudicam mais do que ajudam. Acha que devemos formar melhores os líderes? Ou que devemos educar melhor as pessoas para que os líderes sejam escolhidos mais acertadamente? Duas questões muito interessantes e acerca das quais existe muita confusão. Não há líderes naturais ou natos. Simplesmente líderes que se destacam dos restantes, pelo tempo e treino que tiveram e as oportunidades que se lhe depararam. Nesta área da liderança, o mundo está cheio dos chamados talentos naturais que não chegaram a lado nenhum, simplesmente porque acreditaram que ter talento, era suficiente. Enganaram-se, pois o que é verdadeiramente decisivo é o foco na tarefa que revelam, o esforço e o trabalho empenhado que desenvolvem, a paixão e o gosto que têm pelo que fazem e a preocupação com os outros que nunca esquecem. Quanto à outra questão, referente ao recrutamento dos líderes, temos esquecido, em demasia, que, como em tudo, é preciso colocar a liderar, as pessoas certas nos lugares certos. Durante a sua fase de treinador defendeu a formação e profissionalização dos dirigentes desportivos. Pensa que nesta fase formar e tornar profissionais os dirigentes é uma necessidade de segundo plano, ou continua a ser essencial? Mais do que a profissionalização, entendida como o desempenho dessa tarefa, com um vencimento ao fim do mês, defendi que no desporto profissional, não faz qualquer sentido, termos jogadores e treinadores profissionais, com dirigentes em “part-time”. E não é, só, relativamente aos dirigentes, que tenho esta opinião. Torno-a igualmente extensiva aos árbitros. Sabemos que muitos dos problemas do nosso desporto estão directamente relacionados com os horários escolares e o sistema de ensino em geral. Até que ponto acha que a FPB (juntamente com outras federações ou não) deve ser um motor da mudança no sistema de ensino português? Considerar que, uma Federação (ou várias!), devem ser um motor da mudança no sistema de ensino português, é algo que contrario com bastante veemência. Sempre defendi que, no desporto português, não somos muitos e todos deveremos ter a nossa parte de responsabilidade naquilo que nos pertence fazer. O que significa que, defendo que devemos atribuir à Escola e à Educação Física Escolar a sua responsabilidade e aos clubes e Federações a respectiva complementaridade na acção fundamental de melhor educar os nossos jovens. Impõe-se por isso que a nível das escolas esteja clara a importância de formar e educar os alunos segundo “cargas” de trabalho e exigências várias, o mais parecidas, ou se possível ainda mais exigentes que a própria realidade onde se irão integrar. “Formar na acção” não pode nem deve ser pura e simplesmente “fazer”. É também fundamental aprender a reflectir sobre as decisões tomadas e a “ler” as novas situações que se lhes depara, antecipando quanto possível as respostas necessárias! E tal só será conseguido caso, para além do “fazer” do dia a dia, os nossos jovens, aprendam em situações simuladas da realidade propriamente dita, especificamente orientadas para, por via dos retornos provenientes da observação que sobre eles seja exercida, melhorarem as competências necessárias que os habilitarão cada vez mais a gerir o inesperado com que deparam constantemente. A questão da participação responsável e motivada daqueles a quem se dirige este tipo de “formação na acção” é também extremamente importante. Se quem joga são os jogadores (alunos) e não os treinadores (professores), então é igualmente fundamental perceber que não só quem dirige deve ser um líder. Também os jogadores e os alunos aos mais variados níveis de intervenção requerem adquirir capacidades óbvias de liderança. E que treinem e aprendam a tomar decisões, gerindo o inesperado a que a realidade que os rodeia os sujeita permanentemente. Para isso importa que criemos condições para que saibam reflectir diariamente sobre o que fazem, como o fazem e o que têm de fazer para melhorar constantemente as suas competências. Ajudando-os a definir previamente qual é a sua tarefa e quais são os objectivos globais e individuais a alcançar. Incentivando-os sempre, servindo-os mais do que servindo-nos deles! Numa entrevista disse que “é importante para todos que haja esta ideia do objectivo comum mas estamos a competir na mesma”. Sente que falta, no basquetebol português, esse objectivo comum, esse sentido de cooperação entre todos os agentes para um bem maior? Sinto e tenho procurado, dentro das minhas actuais possibilidades conseguir alertar para essa necessidade. Lamentavelmente, não estou a encontrar os interlocutores necessários, de forma a permitir que algo aconteça de diferente, para melhor. Criou-se no basquetebol português a cultura da subserviência e da impossibilidade de ter opinião diferente acerca do que se vai fazendo. O que é pena, pois sempre que alguém, nos dias que passam, se atreve a dizer que, no basquetebol português, em algumas questões, deveríamos tentar seguir outros caminhos, ressalta de imediato a acusação de estar a “trair” a modalidade. Ou seja, vivemos uns tempos em que alguns conseguiram tornar extremamente difícil pensar e procurar intervir de forma diferente da actualmente vigente. Na sua opinião, quais os grandes problemas da modalidade actualmente? E quais as soluções para tais problemas, isto é, quais as medidas a tomar no basquetebol português a curto, médio e longo prazo? Como primeira e grande medida, a necessidade de, em vez de fechar a Federação e as Associações em si mesmas, tornando-as, na prática, quase as únicas células a intervir na modalidade, aproveitar o facto da nova legislação ter aberto aos jogadores, árbitros e dirigentes a participação responsável nos destinos da modalidade e potenciar a riqueza contida no facto de muitas cabeças a pensar, a contribuir e a envolverem-se, poderem ajudar, mais e melhor, o futuro da modalidade. O basquetebol português deveria ser uma causa comum e os resultados finais a alcançar, terem contributos e a colaboração de todos. Impõe-se conjugar a responsabilidade educativa e formativa da Escola, com a maior especialização e dedicação específica por parte dos Clubes, Associações, Federação, Comité Olímpico, etc. Não é mais possível sustentar a tese que aponta o Movimento Desportivo como possuidor das condições necessárias para dar resposta à globalidade das exigências cada vez mais manifestas do país desportivo real. O Movimento Desportivo não possui instalações suficientes e adaptadas para tal e as actividades desportivas que oferece à população, apresentam-se, de um modo geral, selectivas e sujeitas a uma cada vez maior segregação económica. No habitualmente denominado desporto federado, só há lugar para os melhores praticantes e, perante os gastos incomportáveis relativos à manutenção das instalações e ao pagamento do enquadramento técnico necessário, não resta outra solução aos clubes senão cobrarem pela prática desportiva que oferecem. E, mesmo naqueles casos de colectividades, cujas actividades demonstram preocupações com o abarcar do maior número de jovens possível, as suas lógicas limitações materiais e instalacionais, dificultam extremamente a possibilidade de concretização da tese que aponta os clubes e as Federações como os grandes veículos capazes de proporcionarem prática desportiva aos jovens do nosso país. A falta de recursos financeiros afecta todos e é facilmente apontada como um obstáculo ao desenvolvimento. Considera que vários aspectos do nosso basquetebol podem ser melhorados mesmo com recursos pouco abundantes? Sem invalidar o facto das actuais limitações financeiras, serem um obstáculo a um futuro mais risonho, não julgo que esse seja o principal problema. A questão central reside no facto de ao longo dos últimos anos termos criado uma cultura de intervenção na modalidade onde alguns persistem em defender que o facto de terem sido eleitos, lhes permite, pura e simplesmente, abdicarem de mobilizar as vontades e as capacidades de todos aqueles que, não fazendo parte dos corpos gerentes da Federação e das Associações, possuem experiência e amor à modalidade, quanto baste, para poderem dar contributos de decisiva importância. Quando fez o estágio na NBA, foi com a perspectiva de melhorar enquanto treinador ou como responsável por uma organização? Que dividendos retirou dessa experiência? Principalmente, aprendi que sem rigor, disciplina, organização e exemplo de quem dirige, ao serviço daqueles que estão sob a sua responsabilidade, servindo, mais do que servindo-se, dificilmente, ajudaremos a nossa modalidade a desenvolver-se na verdadeira proporção do potencial que possui. Continua a ser da opinião que um treinador não deverá ser apenas o responsável pelo treino, mas quase como que um gestor da equipa, sendo responsável por diversas questões relacionadas com a organização e funcionamento da mesma? Defendo ainda mais hoje, que no passado, que o problema central contido na forma como se tem dirigido o basquetebol português, é que, são muito poucos os que conseguem pensar e intervir a cada momento, na modalidade, como treinadores. A atitude de um treinador, centra-se em acompanhar, observar, questionar, dar feedback, estabelecer compromissos, apontando sempre no sentido de uma melhoria contínua. Se necessário, coloca-se em causa, pensando primeiro no todo, que em si mesmo. Lamentavelmente, são muito poucos os que, nos últimos anos assim se têm comportado na modalidade. O seu regresso ao basquetebol na função de treinador está completamente colocado de parte, ou acredita que poderá haver algum projecto que o faça regressar? O treinador profissional de basquetebol, Jorge Araújo, “morreu” para essa profissão, em Janeiro de 2003. Naquele momento preciso, “nasceu” o profissional do treino na área comportamental que, hoje, desenvolve junto das maiores empresas nacionais e multinacionais, uma acção de consultoria de que muito me orgulho e que deveria orgulhar também a minha modalidade. Aceitei entretanto ser Presidente da Assembleia Geral, função que, como tem sido público, não está a ser nada fácil levar a cabo, embora quando aceitei esta responsabilidade, tenha pensado que ainda poderia ser útil ao basquetebol português. Mas parece que continua a persistir a razão que me levou a abandonar a modalidade, em 2003. Alguns, continuam a preferir ser os melhores “da rua deles”, a rodearem-se de quem os possa ajudar a serem algo mais do que isso…

Reagir à crise...

Era esperada esta decisão da C.M.Portimão. O assunto é importante demais para ficarmos parados. Cabe à FPB e a todos nós contribuir para que tal evento continue. A crise não pode servir para nada fazermos ...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011