segunda-feira, 21 de junho de 2010
Saramago não era um "gajo porreiro"....
Em Portugal sempre importou mais o bom ou mau feitio das pessoas do que o talento ou, mesmo, a sua genealidade.
Morreu José Saramago. Agora, sim, vai ser anunciado como um dos maiores portugueses do século. Em Portugal, não há como um morto para se elogiar quem vivo se esqueceu. Ou diminuindo no seu talento.
Muito provavelmente , virão dizer que era um grande homem, aquele que foi, de facto, um grande escritor. Um escritor universal. Um escritor notável e que mereceu o Nobel que, estupidamente, faz morrer de inveja tantos e tantos portugueses, que muito se acham injustiçados, porque também eles mereciam o Nobel da mesquinhês.
Agora sim, vai haver mais uma escola com o nome Saramago, talvez uma avenida, eventualmente um restaurante e uma loja de conveniência. Quem sabe se o governo perde a cabeça e lhe manda eregir uma estátua. E porque não a Assembleia da República , que cultiva convites que a envergonham , não se decide, ainda, por um voto de pesar por unanimidade e aclamação, incluindo, pois, no acto,aqueles que sempre o quiseram masi no degredo de uma ilha espanhola do que numa biblioteca perto de si.
Não consigo compreender compreender como em Portugal damos tanto valor ao bom feitio das pessoas e desvalorizamos tanto o talento e a generozidade. Até pode ser que Camões fosse um "gajo porreiro", aliás devia ser porque morreu na miséria e nem usufruiu das vantagens da corte.....
Pois roam-se de inveja, os eternos maldicentes da Pátria amada, mas de facto são insignificantes. Saramago é e será, para sempre,um dos grandes portugueses. Não por ser um homem bom,um honrado chefe de família, um temente a Deus. Não por ser um abnegado filho da nação, nem um patriota. Não por ser um cidadão sem mácula ou um exemplo de tolerância democrática . Apenas e só por ser um escritor universal e como há tão poucos em Portugal e no mundo, será disso que o honrará na memória que dele tiveram as gerações futuras....
Gostar ou não gostar é uma questão de liberdade individual, mas não deternmina nunca determinará, nem a qualidade, nem a capacidade de entender. Só isso mesmo. Gostar ou não gostar. Eu gostava de Saramago. Não do homem. Do escritor. E para sempre haverei de o admirar.
Vitor Serpa Jornal A Bola
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