Vou comentar com o Hélder Marques de Sousa já no dia 28 Julho (Sábado) às 16:45 o jogo EUA- Croácia (Basquetebol Feminino).
O Algés foi campeão da Proliga na última época e para isso muito contribuiu Mário Silva. Critico e frontal, Mário Silva, não evita alguns temas quentes que marcaram a época dos algesinos, ao mesmo tempo que conta a preparação para a Liga e aborda o actual momento do basquetebol nacional.
O que o levou a aceitar o desafio de treinar o Algés, depois de tantos anos afastado da alta competiçãO. Após a última passagem pelo Seixal (Liga) aceitei , mais uma vez , colaborar com a A.B.Lisboa integrando o G.T. Temos desenvolvido nos últimos 4 anos com os Clubes um trabalho de qualidade que se traduz não só nos resultados desportivos ( a nível Nacional Lisboa é novamente a Associação de referência ) mas também na dinamização ( cada dia temos mais jovens a jogarem basquetebol no Distrito).Aceitei o convite do Algés porque me apresentou um Projeto credível e ambicioso , dando-me não só a possibilidade de coordenar a área técnica como também de regressar à Competição.Demos nesta época de sucesso os primeiros passos para voltar a fazer do clube uma grande escola de formação. Temos hoje jovens mais competitivos e identificadas com uma filosofia comum a todos os escalões.
Quando chegou ao Algés no início da época passada, pensou que fosse possível vencer a Proliga?
O que me pediram foi que conseguisse tornar a equipa competitiva (no ano anterior tinha sido 10º na Proliga) de forma a motivar os mais jovens, que passavam assim a ter como objetivo um dia jogarem nos seniores.
O recrutamento que conseguimos fazer foi determinante para o sucesso da equipa. Jogadores experientes e com hábitos de vitória facilitaram muito a minha tarefa. Ao longo da época fomos concretizando objetivos parciais até chegarmos onde queríamos: à Liga. Não tinha nem vaga ideia do que era a competição da Pro Liga mas sabia do valor dos meus jogadores e desde o 1º treino sempre sonhei ganhar esta prova.
Quando se apercebeu que tinha condições para triunfar?Logo que começámos a jogar. Com um grupo de jogadores competitivos, em que ninguém gosta de perder, cedo entendi que estavam criadas as condições para triunfar.
Qual foi a sua reação quando lhe disseram que Desean White e o João Vicente tinham acusado positivo no controle anti doping? Naturalmente a minha primeira reação foi de surpresa. Falámos com os atletas e logo entendemos que não se tratava de Doping.O papel dos Dirigentes na resolução deste caso foi fundamental. O clube atuou em estrita conformidade com os pressupostos da lei (Lei nº 27/2009 e Regulamento Antidopagem da FPB), e com a articulação entre os departamentos médico e jurídico, face aos entendimentos do CNAD. O processo correu no Conselho de Disciplina da FPB, com as legalmente obrigatórias vinculações do CNAD (entidade que superintende a luta contra o uso de doping). Não obstante a penalização ser de15 dias de suspensão, de facto o período de suspensão foi de 5 semanas, período em que sem os atletas, vencemos 4 jogos.
Analisando os jogos, qual foi aquele que mais dificuldades sentiu?As maiores dificuldades foram colocadas pela Oliveirense nas meias finais do play-off. Uma eliminatória disputada com jogos de qualidade e com públicos entusiastas.Oliveirense e Algés na minha opinião foram as equipas que apresentaram modelos de jogo mais próximos da Liga.
Além dos jogadores do Algés, que outro(os) jogadores lhe chamaram mais atenção?Como já referi sabia pouco desta competição que tem naturalmente nos Norte Americanos (mesmo sendo baratos…) os seus elementos em maior destaque. Assim Desean White (Algés) foi o MVP e tem claramente capacidades para jogar numa Liga mais competitiva, o mesmo posso dizer de Dain Swetalla (Illiabum ). Dos portugueses o que mais gostei foi do Rui Quintino (Galitos). Muitos atletas veteranos que sabem jogar e bem fazem desta prova a mais competitiva do calendário da FPB.Apesar da conquista do título, o Algés foi várias vezes criticado ao longo da época de ter algum protecionismo da FPB. Como reage a essas críticas?Não entendo a pergunta mas respondo com todo o gosto. Todos sabem que sou critico em relação à Gestão da FPB. Como Delegado eleito pelos treinadores sempre tenho levado a voz dos treinadores que comungam opiniões similares, na procura de um basquetebol melhor. Tive também oportunidade de escrever no meu blogue sobre o “silêncio ensurdecedor” do site da FPB relativamente à brilhante carreira do Algés na Pro Liga e ao facto de ter sido provavelmente o único treinador que não teve direito a opinar no referido site.A conquista do título por parte do Algés reflete o trabalho de Dirigentes, Treinador e atletas. Comandámos a prova do 1º ao último dia. Fizemos 20 vitórias (contra 2 derrotas ) na Fase Regular e 9 vitórias ( e 2 derrotas) no Play Off.A minha carreira de treinador sempre foi feita com trabalho, nunca ninguém me deu nada…Contudo também acho que projetos inovadores como o do Algés e outros que felizmente ainda vão aparecendo pelo país deveriam merecer mais apoio direto da FPB. Se nada for feito vamos ficando cada dia mais para trás.
O Algés irá competir na próxima época na principal competição nacional. Que impacto teve essa promoção na vida do clube?A época passada fica na história do Clube: ganhámos a Liga e subimos à 1ª Divisão no Feminino, ganhámos a Pro Liga Masculina, obtivemos bons resultados na Formação e tivemos elevado nº de atletas nas seleções Nacionais e Distritais. O Algés é hoje, com foi no passado, um clube em destaque. Poucos clubes se podem orgulhar de terem tanto o setor Feminino como o Masculino no patamar superior .
Já começaram a preparar a próxima época? O Desean White irá permanecer? Há novidades em relação a jogadores?A época é de crise e o Algés não consegue fugir a ela. Contudo temos um conjunto de Dirigentes que tudo fazem para dar continuidade a este projeto. Sabem o que acho ser necessário para ser competitivo nesta nova realidade e preparam com cuidado o recrutamento. Quero manter a maioria dos jogadores que comigo iniciaram esta aventura. Pretendo juntar alguns jogadores nacionais além dos Norte americanos. Relativamente ao “D” (Desean ) tem com já referi condições para jogar noutra Liga onde pode ganhar bem mais do que lhe pagamos. Contudo deixou saudades e pode eventualmente regressar.
Acha a LPB atrativa, do ponto de vista competitivo, técnico e financeiro?Esta Liga nada tem a ver com a “antiga” onde treinei durante vários anos. Em termos competitivos é claramente mais fraca e todos (treinadores e jogadores) ganham muito menos.Baixar custos deveria ser uma das preocupações da FPB. Em Espanha a Liga ACB acaba de reduzir em 25% os custos com as arbitragens depois de terem também baixado os salários aos treinadores e jogadores .Captar apoios e patrocínios é tarefa árdua a que todos se dedicam na procura de encontrar apoios extra clube. Negociar com a RTP para voltar a garantir as transmissões em sinal aberto era uma medida que poderia facilitar a vida aos clubes .
Partilha da opinião de que Benfica e Porto são os dominadores da competição, deixando pouco espaço às restantes equipas? Como inverter essa tendência?Os resultados falam por si. Benfica e Porto dominaram nos últimos anos a Liga, fruto do seu poder económico (orçamentos superiores a 1 milhão euros contra outros com muito menos dinheiro) que lhe permite recrutar melhor além de terem uma melhor organização.Se se confirmar o abandono do F.C.Porto a situação fica ainda pior. Como inverter a situação? boa pergunta… A continuarmos nesta via provavelmente ainda vão desistir mais.Creio que era altura para a FPB promover um Forum onde fosse possível discutir tudo e todos. Com a crise fazia todo o sentido estudar uma reformulação dos quadros competitivos tendo uma visão global da modalidade e não como se chegou a pensar alterar apenas alguns campeonatos (felizmente essa via não vingou).
Recentemente a FPB voltou a alterar o número de estrangeiros. Concorda com essa decisão? Em que medida isso ajuda o jogador português?Medidas avulso não levam a bons resultados. O problema do basquetebol não se resolve por mais ou menos estrangeiros. O que ajudava o jogador português eram melhores condições trabalho, melhores treinadores, competições mais atrativas e participação internacional.
O professor esteve afastado das principais competições durante algum tempo. Que diferenças encontra entre o tempo que treinava o Leiria para os dias de hoje?O que temos agora é o regresso ao amadorismo. Regredimos em tudo. Da Liga já opinei. Dos jogadores temos agora o que nunca tivemos. Jogadores altos com capacidade atlética mas com pouco treino e competições de qualidade. No passado treinadores e jogadores podiam sonhar com a profissão de jogador ou treinador, hoje quem optar por essa via vai ter desilusões no futuro.
Na sua opinião, o que falta para tornar a modalidade apelativa tornando-a novamente na modalidade rainha em Portugal?O futebol nas suas vária vertentes seca tudo à sua volta e outras modalidades já nos passaram à frente.O recrutamento no sector masculino é muito complicado. Mesmo nas grandes Associações quem normalmente aparece são os filhos dos antigos jogadores e Dirigentes, ou quem tem capacidade económica. O facto de estar instituído o pagamento por parte dos pais para os filhos jogarem ainda complica mais e afasta muitos jovens com potencial.A carreira de jogador tem de ser atrativa para que os jovens possam acreditar que vale apena o investimento.
Apesar de afastado da alta competição, o professor tem acompanhado o que se vai fazendo ao nível dos escalões de formação. Como analisa a nossa formação? Temos bons valores a despontar? O que se podia fazer para melhorar o trabalho na formação dos jovens atletas?
Tenho um conhecimento profundo dos escalões de Formação , fruto do trabalho desenvolvido em Lisboa. Não tenho dúvidas que tudo passa pelo MiniBasket. A aposta de ABL e dos seus filiados mostra que estamos no bom caminho seguindo o que se faz com resultados comprovados aqui ao lado (Espanha). A FPB tem feito alguns ajustes à sua politica o que se saúda. O campeonato de Sub 12 (mesmo ainda com equipas mistas) abre novas vias e pode levar à melhoria.Relativamente aos valores temos o que nunca tivemos. Por exemplo no sector Feminino à volta da Maria Kosturkova e de outras jovens de elevado potencial podemos construir um novo futuro no Feminino.
Estão a decorrer os europeus da formação e preparação para o Eurobasket 2013. Quais as suas perspetivas?Relativamente à Competição na Formação os resultados já obtidos apontam para o que já se estava à espera. Maiores dificuldades no sector Masculino e o Feminino com hipóteses de discutir a subida ao grupo A o dos mais fortes.A tarefa das seleções não é fácil. Podemos discordar deste ou daquele treinador, desta ou daquela escolha, ou da forma como jogam, mas o que não tenho dúvidas é que sem competição internacional prévia a tarefa é muito complicada. No sector masculino os Seniores não participam, via clube, nas competições internacionais (devemos ser o único pais onde tal ocorre). Vivemos isolados da Europa e não deve ser por acaso que vamos quase sempre melhorando com o decorrer das provas.Relativamente ao EuroBasket 2013 temos treinadores qualificados mas dificilmente neste período de renovação vamos obter resultados positivos, até porque os adversários são de grande qualidade.
