sexta-feira, 2 de outubro de 2009
António Paulo em entrevista
O colega treinador do Barreirense,António Paulo deu uma entrevista ao PlanetaBasket em que faz algumas considerações oportunas :
"Parece-me que a dimensão da crise faz-se sentir mais para aqueles que precisam de gastar mais para verem satisfeitos os seus objectivos. Nós pensamos que é possível alcançar boas metas através o trabalho com jovens jogadores que vêem aparecendo do trabalho global do clube. Pensamos que este é o caminho para ter um basquetebol mais próximo da nossa bolsa real, dos nossos adeptos e daqueles que na cidade do Barreiro tanto fazem para nos ajudar.
Um treinador de clube quer os melhores e isso está dependente das regras (do nº de estrangeiros), da relação que estabelece com a sua organização e das condições financeiras e logísticas que a organização põe ao seu dispor. Conheço bem o clube em que estou e nesse sentido não me queixo. Sinto-me identificado com o projecto do clube e sei que de acordo com os três vectores que atrás cito, tenho os melhores jogadores de que o clube pode dispor. Portanto, essa questão não se me põe. Mas se lhe responder como alguém que olha para o basquetebol com paixão e que gostava de estar inserido numa modalidade onde o profissionalismo existisse à semelhança de outros países, sou levado a crer que a presença de menos estrangeiros possa ser uma etapa para um caminho futuro de aproximação à Europa mais consistente. Algo que possa ser parecido como um passo atrás para dar dois em frente. O problema é que não sei se assim é...
Seja qual for a sua nacionalidade bons jogadores elevam sempre o nível de qualquer competição. Sinto que faltam referências no basquetebol português. Junto dos treinadores, isso para mim é gritante. Há muitos treinadores dos dias hoje que não conhecem Hermínio Barreto, José Curado ou mesmo Jorge Araújo, para não falar dos mais antigos. Isso também acontece com os jovens jogadores. Sem saudosismos, penso que devemos projectar o futuro com um conhecimento sólido do que somos e ter raízes no passado ajuda-nos a construir ideias mais completas para o que queremos. Neste capítulo, os nossos jovens jogadores têm poucas referências. Pelo menos que a vinda do Sérgio Ramos, do João Santos, para além da qualidade que têm, ainda a presença do José Costa, Nuno Marçal, sem menosprezo para outros, ajudem estes miúdos mais jovens a construir imaginários e sonhos em torno desta coisa de ser jogador de basquetebol. Aqui acho que se podia fazer muito mais do que se vai fazendo.
Falar de referências é isso. Saltos qualitativos só serão possíveis se existirem referenciais de excelência. Temos que ser claros, sem irmos à Europa o nosso basquetebol fica limitado à nossa própria pequenez. Seria bom que todos os agentes da modalidade pensassem nisto."
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