quinta-feira, 19 de abril de 2007

Mudar com urgência....


O Desporto Escolar atravessa um período que levanta muitas preocupações a quem acredita nesta actividade. Assistir a uma competição do desporto federado ou do Desporto Escolar é quase indiferente, porquanto são poucas as diferenças que se podem descobrir. Começa pelo facto dos atletas serem praticamente os mesmos. Não são na totalidade, pois sempre aparece uma ou outra Escola que dá a oportunidade para que os que se treinam exclusivamente na Escola, participem nos quadros competitivos. Os gritos de alguns treinadores e os incentivos durante a competição são bem piores do que aqueles a que muito treinador recorre para orientar os atletas em competição. Rapidamente são esquecidos os valores educativos que devem presidir ao que se faz na Escola para dar lugar a uma desenfreada vontade de se ganhar a qualquer preço. Com este tipo de actuação que tenho vindo a observar , acredito que o Desporto escolar falhará nos seus propósitos educativos .Nem sei se ainda existe alguma preocupação de cariz educativo nas coisas do Desporto Escolar .

Tudo aponta para o rendimento, para o ganhar campeonatos e, para espanto das pessoas que vêm no DE um meio fundamental de formação das nossas crianças e jovens, cres¬cem cada vez mais nas escolas as políticas de constituição das equipas, recorrendo à selecção dos talentosos, afastando, de forma agressiva, muitos dos que gostariam de aproveitar as actividades desenvolvidas nas escolas para praticarem uma actividade desportiva. Selecciona¬-se para assim poder ganhar
. O ganhar acaba por ser o objectivo fundamental. Acredito mais numa filosofia que prepare os jovens técnica, táctica, física e psicologi¬camente para assim possuírem os argumentos que lhes permitam lutar pela vitória. Até há algum tempo criticava-se o sistema desportivo, por esse ser quase inacessível aos que não possu¬indo poder financeiro, ficavam arredados do mundo das actividades físicas e desportivas. Presentemente, caminha-se numa direcção igualmente possuidora de grande injustiça social no meio escolar, ou seja, só estão a ter, na generalidade dos casos, mas com honrosas excepções, acesso às equipas representativas das esco¬las aqueles que possuem maiores talentos desportivos. Os outros assistem, por vezes aplaudem e caminham serenamente para os corredores dos centros comerciais. Terá de ser assim ou há que mudar e com urgência.


Vasconcelos Raposo (A Bola).

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