terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O meu Feedback ...

"Jogar sem treinador ...
Como prometi junto o  “Feedback” ao teu artigo : “O melhor treinador é o que já não é preciso”. 
Não tenho também dúvidas que os jogadores são mais felizes quando tem mais autonomia/responsabilidade no jogo .
   Na minha carreira de jogador tive a felicidade de ter  dois treinadores para quem o treino estava primeiro  . Os Profs  Mário Lemos e Teotónio  Lima treinavam “tudo” com intensidade e exigência, deixando o jogo para os jogadores que sentiam que o jogo era   o  mais fácil . Como davam liberdade aos jogadores e intervinham pouco nos jogos as más línguas dessa altura diziam que ambos adormeciam no banco. Na verdade jogávamos tranquilos porque sabíamos que tínhamos treinado tudo e que se fosse caso disso o treinador estava lá .


Com fama , e proveito , o mestre Teotónio Lima era um grande disciplinador . Para  ele a disciplina era reconhecer o que tinha de ser feito , fazê-lo da melhor forma possível e durante muito tempo . Com ele tínhamos vontade e éramos preparados  para ganhar , porque ganhar e perder não é o mesmo e é quase sempre fruto de uma boa liderança .
Ao reler o livro do Bobby  Knight, O poder extraordinário  do pensamento negativo , encontrei algumas ideias similares ás dos  meus antigos treinadores e a muito do que referes no artigo .
Ao longo da época treinei a equipa de forma a que individual  e colectivamente conseguissem resolver os problemas do jogo sem a minha intervenção “, disse Knight .
Sem entender o que se estava a passar muitas  foram as  vezes que o célebre comentador de TV Dick Vitale disse com a sua voz singular : “ Bobby  tens de pedir um desconto de tempo “.

Claro está que o coach Knight não o pedia para obrigar os jogadores a tomarem boas  decisões baseadas no que já tinham feito nos treinos . Se ele não visse melhorias rápidas aí sim interrompia o jogo .
A mesma atitude tomava quando o jogo se aproximava do final e estava equilibrado .
Já tínhamos treinado as situações , e todos sabem que se tivermos   tempo suficiente organizamos o ataque e fazemos o melhor lançamento, se tivermos  pouco tempo atravessamos rapidamente o campo e aproveitamos  a desorganização da defesa. Não   paro  o relógio para dar tempo ao adversário “, 
Para Bob Knight o tempo das grandes mudanças era no intervalo .
Os mestres nacionais anteriormente referidos tinham em comum a capacidade de liderança , e liderar é tirar os jogadores da zona de conforto ,  trabalhando para aperfeiçoamento individual  e colectivo.
Como também escreveu no livro Bobby Knight : “ Isto aqui não é o Burger King , aqui é mesmo á minha maneira “. A minha geração foi “ formatada “ por estes e outros líderes ( Jorge Araújo , Olímpio Coelho , Hermínio Barreto e outros)e podemos dizer que eles formaram líderes e não seguidores como bem propões no artigo .
Muitos treinadores continuam a acreditar na preparação divertida , não tenho ideia dos treinos com os meus mestres tenham algum dia sido divertidos, a nossa grande diversão vinha mesmo com os jogos e com as vitórias .  Bobby  Knight recorre também a um  dos seus ex-jogadores de West Point reforçando o que vivi como jogador   :” Não vim para aqui para me divertir, vim para aprender a jogar basquetebol, ganhar jogos e ser um soldado , foi o que fiz .

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