quinta-feira, 13 de março de 2008

Futuro em causa


Os acontecimentos surgem com muita rapidez nas escolas.
Não falo do que se tem passado nos últimos dias. Actualmente são cada vez mais as directivas para manter os alunos sentados. Quanto mais tempo melhor. As mudanças impostas estão igual¬mente a afastar os professores das actividades que eram realiza¬das nas escolas. A ocupação dos docentes nas questões burocráti¬cas e administrativas, as muitas reuniões a que têm de estar pre¬sentes para encontrar luzes no fim de túneis tremendamente escuros, retira o tempo necessário para enquadrar os alunos nas actividades culturais e desportivas que ocorriam. Preocupam-me I todas. Saliento o caso do Desporto Escolar na sua dimensão externa e interna. A realidade é que, ao longo dos tempos, se regista um óbvio esquecimento
no que respeito ao Desporto Escolar. Primeiro foi no concurso para professores titulares, onde
as funções desempenhadas pelos coordenadores ficaram à margem da atribuição de pontos na candidatura. Esqueceram-se das pessoas que dinamizaram e empurraram durante muitos anos os alunos para uma prática
regular do desporto dentro da escola.
Tarefa, aliás, nada fácil numa sociedade que faz apelo permanente ao consumo de bens que contribuem de forma decisiva para os comportamentos sedentários dos jovens. O esforço é algo a que muita da nossa juventude procura fugir. Infelizmente não é apenas ao esforço físico. Muitos dos coordenadores, vendo-se marginalizados e desconsiderados nas tarefas que durante tantos anos desempenharam, afastaram-se.
O resultado foi o retrocesso em muitas escolas. As condições oferecidas para o desempenho das funções de responsáveis pelos grupos de modalidade,
com competição externa, continuam a ser ridículas perante as responsabilidades que ser treinador de um grupo significa. Se a escola passa no seu geral por uma profunda desmotivação, como é que as coisas inerentes à dinamização interna e externa do Desporto Escolar poderiam estar diferentes? O pior serão as repercussões futuras que esta falta de atenção pela importância que as actividades culturais e desportivas têm na formação das crianças e dos jovens. Com tanta vontade em manter os alunos sentados, nas salas de aula, com tanta ocupação administrativa e burocrática dos professores, creio, estarmos a pôr muito do futuro do nosso país em causa.

In Jornal A Bola (Vasconcelos Raposo)

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