quarta-feira, 25 de julho de 2007

Contra o medo, liberdade



24.07.2007 - Manuel Alegre (Jornal o Publico)






Nasci e cresci num Portugal onde vigorava o medo. Contra eles lutei a vida inteira. Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público. Casos pontuais, dir-se-á.

Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE. Casos pontuais em si mesmos inquietantes. E em que é tão condenável a denúncia como a conivência perante ela.

Não vivemos em ditadura, nem sequer é legítimo falar de deriva autoritária. As instituições democráticas funcionam. Então porquê a sensação de que nem sempre convém dizer o que se pensa? Porquê o medo? De quem e de quê? Talvez os fantasmas estejam na própria sociedade e sejam fruto da inexistência de uma cultura de liberdade individual.

Sottomayor Cardia escreveu, ainda estudante, que "só é livre o homem que liberta". Quem se cala perante a delação e o abuso está a inculcar o medo. Está a mutilar a sua liberdade e a ameaçar a liberdade dos outros. Ora isso é o que nunca pode acontecer em democracia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ola Mario desculpa o que te vou dizer. Desconhecia o teu blog mas... ja adicionei aos favoritos. Espero que me desculpes este atrazo. Sou Treinador António Silva lic 291 se quiseres ver quem é . Gostei um abraço. Voltarei

Anónimo disse...

Criei um novo espaço na net para falar sobre basquetebol.

Se puder adicionar a sua lista de links aqui fica: http://seis25.wordpress.com/

Abraço