domingo, 1 de março de 2015

Estudar e jogar é possível nos Estados Unidos...

competição universitária de basquetebol da NCAA tem crescido de popularidade em todo o mundo  . O canal  ESPN América foi um dos principais  responsáveis pela sua divulgação, até ter deixado de transmitir para a  Europa, por razões econômicas. Atualmente, são as plataformas  Livestream que permitem seguir  a prova. Outra razão para tal destaque tem a ver  com   o aumento do número de jogadores de todos os continentes que optam pelo sonho americano.
Na Europa, a grande maioria  dos jovens talentos  não consegue garantir contratos significativos porque as  equipas perderam os sponsors  e têm muito menos financiamento. Sem futuro, a melhor  oportunidade para progredirem  é na NCAA, onde conseguem não só  garantir educação gratuita, como   continuam a fazer  o que  mais gostam  que é jogar basquetebol.
Segundo Hawkins autor do livro  “The New Plantation: Black Athletes
, College Sports, and Predominantly”  os   jovens atletas estrangeiros trazem para a competição norte americana uma nova mentalidade :
“ Eles trazem  ética ao trabalho . Não foram contagiados  pelo sistema da American Athletic Union (AAU ) , ficam  gratos pela educação adquirida e por terem oportunidade de  jogar basquetebol . Os atletas estrangeiros entendem o valor e a importância da  educação. Têm  um nível de maturidade que não vejo nos  nossos atletas “.
Em todas as Conferências tem aumentado o  número de atletas estrangeiros , muitos deles internacionais . Quando o conceituado técnico John Calipari chegou a Kentucky ( 2009-2010 ) na Southeastern Conference (SEC), apenas 6  universidades  tinham atletas estrangeiros,  num total de 10 internacionais . Em  2013-2014 a realidade era outra e 12 das 14 equipas já tinham estrangeiros totalizando 27 internacionais  . Actualmente, dezoito países diferentes estão representados na SEC , mais da metade são da  Europa . Há também jogadores das Bahamas , Venezuela e Austrália.
Não é de estranhar que alguns desses jovens com mais talento , apareçam com regularidade no DRAFT da NBA. Na lista de  2013, cinco jogadores estrangeiros que jogaram basquete universitário foram escolhidos na primeira ronda.

Europa ensina melhor .

“ Acho  que os jogadores europeus são mais habilidosos ", disse Bryant à ESPN . " Na Europa ensinam bem o jogo aos jovens que são  mais habilidosos  . É algo que nós  americanos realmente temos de corrigir . Para isso, temos de nos livrar da cultura da  AAU que  é gananciosa  e horrível   . É estúpido , mas é verdade , os nossos jovens  são só grandes e pouco sabem fazer. Não  conhecem  os fundamentos do jogo . " , disse ele.
“ Os jovens devem aprender a jogar em  todas as posições , vejam como jogam os irmãos Gasol . Porque razão é que 90 por cento do plantel dos Spurs é constituído por jogadores europeus ? ". 
Bryant, que cresceu na Itália, nunca jogou nas Competições da AAU . Provavelmente  se o tivesse feito seria outro jogador . 
"Eu provavelmente não seria capaz de driblar e lançar  com a  esquerda e de ter  bom jogo de pernas ", disse Bryant . " 

As Associações Americanas
O  basquetebol Universitário está dividido em três associações nacionais : NCAA, NAIA e NJCAA.
A NCAA não é só Duke, North Carolina ou  Kentucky , onde os nossos atletas não têm 
lugar. Há centenas de escolas onde podem jogar
O número de bolsas de estudo é limitado e depende da Divisão a que pertence a escola, assim :

Na NCAA teoricamente os  jogadores são estudantes e amadores , mas a realidade é bem diversa e os escândalos  são uma constante .
O debate relativamente ao pagamento aos atletas está novamente lançado e a 
divergência é grande entre os que  defendem que só devem alinhar atletas estudantes amadores  e os quem aceitam que a prova  se transforme numa liga menor com
pagamentos aos jogadores .Claro que  quem tem sucesso segue para a NBA ou para a Europa, o pior são os outros, a maioria,que fica sem opções , sem educação e sem emprego .

Não seguiram os pioneiros 
No passado recente , João Santos (Nevada Reno  NCAA D1)2001, Seco   Camara (George Washington   NCAA D1)1999,Carlos Andrade ( Queens NCAA D2) 2003 e Joao Paulo  Coelho (Miami  NCAA D1)2003 , foram os pioneiros e mostraram  aos jogadores nacionais  que existia, cruzando o oceano , um mundo novo chamado NCAA .


Pena foi que tivéssemos nessa altura   perdido a oportunidade de enviar também  o gigante Armando Mota (2.10m) que certamente teria feito uma carreira bem diferente  no basquetebol nacional .
As  anteriores experiências foram bem sucedidas  e seria  suposto que depois destes atletas  terem aberto o caminho,  outros fizessem a sua formação académica e desportiva na gigantesca competição norte  americana . Infelizmente tal não sucedeu . Os nossos jovens talentos optaram por ficar em “casa”  : uns no CAR , outros a disputarem um campeonato sem o mínimo de interesse de Sub 20 e alguns a jogarem alguns minutos nas divisões seniores  inferiores .
Não se entende a opção, já que todos  sabemos que entre nós é muito complicado estudar  numa Universidade e participar  num  desporto de elite mais ou menos profissional 
Por outro lado, ao  contrário dos nossos vizinhos espanhóis nunca conseguimos  criar  competições secundárias de qualidade . As  agora denominadas Liga  de Ouro e Liga de Prata permitiram aos espanhóis mais jovens competirem de forma activa .
Em  Portugal, as  competições criadas primam pelo amadorismo o que traz  consequências nefastas para a modalidade.Continuamos com o escalão de Sub 20 que não faz qualquer sentido. O  nível formativo nos clubes é baixo e os resultados dos CARs não são visíveis . Não conseguimos formar jogadores de elite . Na  actualidade os melhores continuam a ser os “trintões”  (João Santos ,Marçal , Minhava e companhia).
 Nesta  altura  de crise, aparece como uma  boa alternativa para os nossos atletas   a NCAA , uma prova que, se cria algumas dúvidas relativamente á evolução dos jogadores, respeita e  consegue, a  compatibilidade  entre os estudos e o desporto 
O pior que  pode acontecer a um jogador que passe pelo basquetebol universitário é que  fique durante quatro anos e, mesmo que não tenha sucesso no basquetebol, consiga acabar uma carreira universitária e tenha um diploma que lhe possibilite entrar no mercado de trabalho 
Na actualidade, a realidade nacional no sector masculino continua bastante conservadora, ao contrário do sector feminino onde se assiste a uma   fuga maciça de talentos .
Quanto a atletas nacionais a jogarem presentemente nos Estados Unidos, conseguimos localizar os seguintes 
Daniel Relvão Mountain Mission High School 
Ruben Silva South Dakota State NCAA D1
Óscar Pedroso Chacinado  NCAA D2
Cândido Sá San Jacinto College Central NJCAA
Luís Câmara 22FT Academy Prep School
Gonçalo Stringfellow Northwood University (FL) Junior Varsity Team/NAIA
Tiago  Mascarenhas IMG Academy High School 
O facto dos nossos escalões de formação  não conseguirem bons resultados nas competições da FIBA e obviamente  não  disputarem a Divisão A de nenhum Campeonato 
Europeu , é demonstrativo do nível do basquetebol masculino e também impede que os “scourters “ das Universidades avaliem os atletas . 



Gigante de Coimbra vive sonho americano

O jovem  gigante Daniel Relvão , 2.08 m , a actuar  na  Mountain Mission,  High School, nos EUA , é o atleta em que se deposita maior esperança no basquetebol nacional   . Com pouco tempo de prática,  2 anos apenas, o jovem de Coimbra que anteriormente praticava natação , tem tido uma evolução acelerada   e é hoje figura de destaque na

competição escolar local . 
Internacional Sub 18 , Divisão B, o extremo-poste alinhou no  passado Verão em representação de Portugal em todos os nove encontros com médias de 8.2 pontos ,  5.2 ressaltos e  3 desarmes de lançamento  .
O jovem está referenciado no  High School , ocupando o lugar 385 no ranking do site 247 Sports , com direito a duas estrelas . 

 A posição  é modesta mas já lhe   garantiu uma bolsa de estudo para a época de 2015-16 , em Valparaiso. É o primeiro atleta de Mountaineers Mission a receber  tal distinção da 1 Divisão  da NCAA. 
As  opiniões dos Scouters   e o filme (https://www.youtube.com/watch?v=cKnPlQawhU8 ) não enganam :
“Relvão tem  um bom lançamento e domina alguns dos fundamentos do jogo , mas necessita de ser mais agressivo,  o que acontecerá quando ficar mais familiarizado com o seu corpo e quando ganhar mais experiência . Vai ter de  trabalhar muito para melhorar a  compreensão do jogo e a tomada de decisões . Na defesa é preguiçoso e toma opções erradas . Ganha bem posições interiores mas tem de melhorar o jogo a poste baixo . Com apenas uma época nos Estados Unidos  tem feito grandes progressos . Tem boa mobilidade e sabe jogar com as duas mãos .”
Parece bem encaminhada a aventura americana deste jovem português, que começa claramente a justificar o convite para ingressar nas competições escolares ,feito pelos responsáveis da NBA, aquando da realização em Almada no passado verão,do “Basketball Without Borders” e a merecer a atenção   do seleccionador nacional .












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