Competição teria
53 equipas e um sistema de eliminação directa: quem perde fica pelo caminho.
Interesse e emoção estariam garantidos
O próximo Europeu,
em 2016, vai ter 24 selecções. Isto significa que 45,3% das federações da UEFA
estarão presentes. Em 2020, a competição realizar-se-á em 13 cidades
diferentes. Ora se a ideia é alargar o acesso desta forma, então porque não se
abre a porta a todas as selecções? À partida até pode parecer um disparate, mas
é uma hipótese com potencial. Imagine um Europeu com 53 selecções, espalhado
por várias cidades e numa lógica de eliminação directa - quem perde um jogo
fica pelo caminho.
No fundo é o sistema utilizado no basquetebol
universitário norte-americano. Cada equipa compete na sua conferência durante a
época. Os resultados desses jogos vão ditar o apuramento (ou não) para a fase
final (conhecida como March Madness) e o lugar da equipa em questão no ranking.
Ao todo entram 68 equipas - os 31 campeões de conferência da Divisão I e 37
escolhidas por um comité de selecção, que também determina a ordem dos
cabeças-de-série.
Na Europa não haveria o problema da qualificação, as
53 selecções estariam todas apuradas. Assim, os jogos anteriores ao Europeu
serviriam para determinar a posição no ranking. Haveria toda a vantagem em dar
tudo e apontar a um dos primeiros lugares: como o quadro teria 64 entradas, os
11 primeiros cabeças-de-série passariam imediatamente aos
dezasseis-avos-de-final.
Para simular uma edição, saltamos essa parte e vamos
directos ao que mais interessa. Ora os cabeças-de-série são determinados com
base na última actualização do ranking FIFA. Com as equipas todas distribuídas,
começam os jogos. Em cada duelo, o último confronto entre as selecções decide
quem segue em frente. Em caso de empate (jogos resolvidos nos penáltis entram
nesta categoria), passamos ao penúltimo (e por aí fora, se necessário) até
encontrar um vencedor. Quando nos deparamos com duas selecções que nunca se
defrontaram ou que estão absolutamente empatadas, avança quem tem melhor
ranking.
O resultado é surpreendente. Esqueça a Espanha ou a
Itália, finalistas do Euro-2012. Também não pense que isto é onze contra onze
(ou um contra todos) e no fim ganha a Alemanha. Portugal tem uma prestação
bastante interessante - depois de saltar os 32 avos de final, como quinto
cabeça-de-série, elimina a Arménia (1-0), a Bélgica (2-1), a Hungria (3-0) e a
Espanha (4-0). Quer isto dizer que chega à final. Mas aqui é derrotado pela
grande surpresa do torneio: a Suíça.
Até agora, o país famoso pela neutralidade em
situações de conflito tem apenas três presenças em Europeus e uma única
vitória. E é mesmo esse resultado (2-0 a Portugal na fase de grupos do
Euro-2008) que determina a decisão final nesta simulação. Antes disso, a Suíça
(décima cabeça-de-série) entra em acção com a Letónia (2-2, 2-1) e segue até às
meias--finais com duas grandes vitórias: primeiro despacha a Croácia (4-2), depois
a Alemanha (5-3). A Holanda, último adversário antes da final, cai no desempate
(0-0, 2-1).
Ao longo do torneio, há mais resultados inesperados. A
Hungria elimina a Itália (3-0), por exemplo. E a Roménia deixa pelo caminho
selecções como a Bósnia (3-0) ou a Inglaterra (3-2). Se a UEFA quer apostar na
diversidade e na inclusão, este caminho é válido. Traz maior interesse, mais
emoção e une a Europa à volta do futebol.
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