quarta-feira, 10 de abril de 2013

E se o Euro fosse como o basquetebol universitário nos Estados Unidos?


Competição teria 53 equipas e um sistema de eliminação directa: quem perde fica pelo caminho. Interesse e emoção estariam garantidos
O próximo Europeu, em 2016, vai ter 24 selecções. Isto significa que 45,3% das federações da UEFA estarão presentes. Em 2020, a competição realizar-se-á em 13 cidades diferentes. Ora se a ideia é alargar o acesso desta forma, então porque não se abre a porta a todas as selecções? À partida até pode parecer um disparate, mas é uma hipótese com potencial. Imagine um Europeu com 53 selecções, espalhado por várias cidades e numa lógica de eliminação directa - quem perde um jogo fica pelo caminho.
No fundo é o sistema utilizado no basquetebol universitário norte-americano. Cada equipa compete na sua conferência durante a época. Os resultados desses jogos vão ditar o apuramento (ou não) para a fase final (conhecida como March Madness) e o lugar da equipa em questão no ranking. Ao todo entram 68 equipas - os 31 campeões de conferência da Divisão I e 37 escolhidas por um comité de selecção, que também determina a ordem dos cabeças-de-série.
Na Europa não haveria o problema da qualificação, as 53 selecções estariam todas apuradas. Assim, os jogos anteriores ao Europeu serviriam para determinar a posição no ranking. Haveria toda a vantagem em dar tudo e apontar a um dos primeiros lugares: como o quadro teria 64 entradas, os 11 primeiros cabeças-de-série passariam imediatamente aos dezasseis-avos-de-final.
Para simular uma edição, saltamos essa parte e vamos directos ao que mais interessa. Ora os cabeças-de-série são determinados com base na última actualização do ranking FIFA. Com as equipas todas distribuídas, começam os jogos. Em cada duelo, o último confronto entre as selecções decide quem segue em frente. Em caso de empate (jogos resolvidos nos penáltis entram nesta categoria), passamos ao penúltimo (e por aí fora, se necessário) até encontrar um vencedor. Quando nos deparamos com duas selecções que nunca se defrontaram ou que estão absolutamente empatadas, avança quem tem melhor ranking.
O resultado é surpreendente. Esqueça a Espanha ou a Itália, finalistas do Euro-2012. Também não pense que isto é onze contra onze (ou um contra todos) e no fim ganha a Alemanha. Portugal tem uma prestação bastante interessante - depois de saltar os 32 avos de final, como quinto cabeça-de-série, elimina a Arménia (1-0), a Bélgica (2-1), a Hungria (3-0) e a Espanha (4-0). Quer isto dizer que chega à final. Mas aqui é derrotado pela grande surpresa do torneio: a Suíça.
Até agora, o país famoso pela neutralidade em situações de conflito tem apenas três presenças em Europeus e uma única vitória. E é mesmo esse resultado (2-0 a Portugal na fase de grupos do Euro-2008) que determina a decisão final nesta simulação. Antes disso, a Suíça (décima cabeça-de-série) entra em acção com a Letónia (2-2, 2-1) e segue até às meias--finais com duas grandes vitórias: primeiro despacha a Croácia (4-2), depois a Alemanha (5-3). A Holanda, último adversário antes da final, cai no desempate (0-0, 2-1).
Ao longo do torneio, há mais resultados inesperados. A Hungria elimina a Itália (3-0), por exemplo. E a Roménia deixa pelo caminho selecções como a Bósnia (3-0) ou a Inglaterra (3-2). Se a UEFA quer apostar na diversidade e na inclusão, este caminho é válido. Traz maior interesse, mais emoção e une a Europa à volta do futebol.


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